Bull Terrier

Espaço aberto de divulgação

Tem como objectivo central, informar, consciencializar e disponibilizar conhecimento e informação fundamental, no âmbito da raça bull terrier.

Conteúdos, temas de benefício e utilidade para Criadores e Entusiastas

Bull Terrier – O Cavaleiro Branco

O Bull Terrier foi o primeiro de muitos cães de raça criados e desenvolvidos a partir do cruzamento entre Bulldog’s e Terrier’s, tão populares junto da fraternidade desportiva e da alta sociedade no Reino Unido durante o sec.XIX, e toda a época Vitoriana.

Ele resultava de uma estirpe, até então denominada “Bull and Terrier”, que não era nada mais  nada menos, que uma denominação lata, utilizada na época para classificar cães resultantes de cruzamentos e seus posteriores descendentes directos, entre os bulldog da altura e algumas raças de tipo terrier, nomeadamente o antigo English White Terrier (já extinto), que se vieram a generalizar após decretada a proibição entre lutas de cães pelo parlamento inglês em 1835.

Esta denominação era comum a cães de tipo variado e de pouca homogeneidade e apesar de o Bull terrier partilhar um nome semelhante, ele surge como uma versão aprimorada, modernizada pelos antigos cães de combate e desenvolvida primordialmente como símbolo hierárquico, resultante da crescente influência e do interesse da alta sociedade pelas exibições  caninas que surgiam na altura em que os cães competiam pela sua aparência, melhor dizendo, pela sua beleza morfológica.

O consumismo exacerbado por esta impetuosa sociedade “formal” e a crescente influência do interesse da alta sociedade em jogos de poder deram origem a muitas novas raças, quer pelo novo e moderno desporto entre cães de raças puras, quer pelos clubes, exibições, literatura e infra-estrutura que os acompanhavam. A popularidade do crescente interesse do público em cães reflectiu-se com o aumento de exposições e nos prémios que ascendiam a altas recompensas.

No final da década de 1850, uma grande mudança viria acontecer, James Hinks, um criador e negociante de cães de Birmingham, que até então possuía alguns dos melhores antigos cães de combate da altura, tinha feito algumas experiências, cruzando estes cães maioritariamente com o Old English White Terrier (já extinto) e alguns Dálmatas, resultando numa nova estirpe de cães brancos, à qual ele viria posteriormente a chamar de Bull Terriers , nome pelo qual se viriam a  tornar amplamente conhecidos.

Esta nova raça de cães era refinada e a sua semelhança com o antigo bulldog tinha sido amplamente restruturada, eles surgiam com uma cabeça longa e limpa de rugas, pescoço longo, musculados, mais estilizados e activos e um acabamento longe da rusticidade do seu ascendente directo, resumidamente, eles tornavam o antigo cão de combate num verdadeiro guerreiro civilizado.

Rapidamente, esta “versão” do “old Stock”, mais atractiva e modernizada juntava muitos admiradores e o real Cavaleiro Branco tornou-se assim, uma moda de exuberância, elegância, exotismo e poder.

As primeiras pinceladas do primeiro estalão da raça surgem em 1887 pelo recentemente clube formado da raça (BTC), descrevendo o Bull Terrier como um cão de construção forte, quadrado, musculoso, simétrico e activo, expressão determinada e inteligente, cheio de fogo, mas com disposição doce e ameno à disciplina. Uma característica única é sua cana nasal descendente e a cabeça em forma oval. Independentemente do tamanho, os machos devem parecer masculinos e as fêmeas femininas.

Nos Bull Terriers a característica mais exacerbada que os diferencia dos outros cães é a cabeça. Desta forma para um cão ser considerado “típico”, deve obviamente ter uma cabeça longa, bem preenchida sem nenhum sulco ou depressão. Deve ter um perfil curvado da ponta do occipital até a ponta do nariz. De frente, a cabeça deve ser ovóide, sem nenhuma imperfeição ou sulcos entre ou abaixo dos olhos. A expressão também é muito importante, o desenho correto de crânio não pode ser realçado por olhos grandes e inseridos baixos, dando a aparência da expressão de uma ovelha, ou orelhas grandes inseridas lateralmente, dando a aparência de um burro. Os olhos apresentam-se pequenos, escuros e triangulares, as orelhas pequenas, finas, pontiagudas, colocadas juntas e apontadas sempre para cima. A trufa, negra, dão ao Bull Terrier uma expressão bem característica, penetrante e alerta. Esta expressão é vulgarmente descrita como “varminty” (que não há sinónimo em português, mas o mais próximo seria expressão predadora, ou expressão de predador). O maxilar deve ser quadrado, bem desenvolvido e a mordedura fechar em tesoura.

Outra característica igualmente importante é a presença de osso e substância. O Bull Terrier não tem tamanho mínimo ou máximo, mas o padrão diz que o cão deve sempre apresentar máxima substância em relação ao seu tamanho. Essencialmente a raça descreve um cão grosso, musculoso com ossos pesados e redondos, dando a impressão de muita densidade corporal, mas nunca a ponto de ser grosseiro. O Bull Terrier deve ser balanceado e ágil, o dorso deve ser curto, o ombro deve ser bem colocado e musculoso, os posteriores angulados e bem construídos e as coxas musculosas. A linha superior deve ser bem larga seguida de numa leve depressão próxima a última costela, terminando numa cauda curta, inserida baixa e portada horizontalmente.

Na cor, os Bull Terriers podem ser brancos, pura pelagem branca. A pigmentação da pele ou marcações acima da linha do pescoço são admitidas e não devem ser penalizadas. Nos coloridos, a cor predomina sobre o branco. O tigrado é preferencial. Tigrado escuro, vermelho (camurça), castanho e tricolor são aceitáveis. Colorações azuis e/ou fígados são altamente indesejáveis e penalizadas pelo estalão.

Ao nível do pelo, o Bull Terrier é uma raça de baixa manutenção, bastando algumas escovagens semanais e banho quando necessário.

O temperamento da raça Bull Terrier distingue-se das outras raças, pelo facto de preferirem muito mais a companhia do dono à companhia de outros cães, por isso quando vamos introduzir um Bull Terrier numa família na qual já mora um outro cão, é fundamental seleccionar sexo e carácter. Com crianças mostram-se extremamente carinhosos e cuidadosos, apesar de as vezes um pouco desastrados, são especialmente amigos, fiéis e protectores.

Possuir um Bull Terrier não é um “ bicho de sete cabeças”, qualquer cachorro, de qualquer raça tende a fazer travessuras no seu lar e estes cães se bem disciplinados com certeza vão perder estas manias antes mesmo de chegar à fase adulta..

O Bull Terrier é um eterno brincalhão, frequentemente denominado como “o palhaço” das raças caninas. É uma raça que necessita de pouco espaço, pois eles vão passar a maior parte do tempo deitados em algum canto. O ideal, e para qualquer raça, são passeios diários, com muita brincadeira, mas o Bull Terrier não vai “morrer” se um dia estiver a chover e não o puder ir passear.

O Bull Terrier gosta de carinho mas precisa de donos que sejam firmes. Eles jamais serão agressivos com pessoas e apesar de serem um pouco ciumentos, cães de temperamento típico não irão reagir sob nenhuma hipótese. Eles não vão infernizar o cão da vizinha, nem aterrorizar o parque. São cães fortes, que se forem agredidos reagem, mas um Bull Terrier de temperamento típico faz o tipo “tonto” e jamais vai “agredir antes e perguntar depois”, essas características reflectem-se em cães com desvios temperamentais.

Um Bull Terrier é um eterno amante, uma raça para viver em contato constante com adultos e crianças, portanto nem insista em perder tempo treinando um Bull Terrier para guarda.

Enio Roque Velho

Carácter morfológico

O principal objectivo do standart é descrever a raça como ela se deveria apresentar fenotipicamente, tendo como principal referência e descrevendo o bull terrier como um desenho exterior (outline), considerando que para julgar a raça como um todo, torna-se imprescindível conhecer a sua conformação, ou seja, o que esta por “detrás” da pele, a estrutura óssea, o mecanismo do movimento, a sua musculatura e a funcionabilidade das partes, em geral, a anatomia da raça.

Para criar Bull Terriers ao mais alto nivel do standart, obrigatoriamente temos de conhecer a anatomia básica da raça, simplificando, os ossos têm de possuir o tamanho correcto e a colocação correcta. No entanto, há mais num Bull Terrier do que a correcta coformação.Tipo, substânçia, balanço, caracter, expressão e qualidade, contribuiem para afinação do exemplar ideal e não basta que ele seja detentor de uma destas qualidade, sem todas as outras.
Para ser verdadeiramente um bull terrier, é necessário, não só, uma correcta conformação mas também demonstrar qualidade ao mais alto nível nas restantes tipicidades constituintes da raça.

A estrutura fundamental da raça não é mencionada no BULL TERRIER STANDART, aliás presente em qualquer standart de outra raça – a coluna vertebral, espinha dorsal.

Ela é responsável por carregar todo o peso estrutural do cão e onde todas as outras partes estão directamente ou indirectamente ligadas a esta estrutura. A fundação de todas as proporções, do seu tamanho, da sua linha exterior e do seu tipo. Dentro da individualidade da raça, as proporções da coluna vertebral devem manter-se francamente constantes, ou todo a tipicidade é perdida.
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Um Bull Terrier deve ser um cão quadrado, deve possuir uma longa cabeça, longo pescoço, longo e massivo dorso e pernas longas que encaixem num quadrado simétrico. A traseira deverá ser curta e robusta, a coluna vertebral direita resultando no caminho correcto para se tornar num especimen típico, contrariamente, nunca terás um handler capaz de esconder um destas características diante de um bom juiz.

Tipicidade e balanço trabalham em conjunto e são imediatamente discernível á vista.

Uma variação do desvio das correctas proporções aliado a um fraco balanço e uma má tipicidade, tornar-se-á num verdadeiro desastre para um cão de ringue.

A coluna vertebral ou espinha dorsal é constituída por 5 partes conjugantes e articuladas entre si.

São sete, as vértebras cervicais desde a linha da cabeça ao final do pescoço, convergindo com 13 ossos dorsais que carregam as costelas e suportam os ombros.
A parte dorsal segue em linha de união com a parte lombar, sendo que a última, é constituída por um sector de sete partes estruturais terminando nas nádegas, um conjunto largo e amplo formado por 3 ossos que se fundem entre si de seu nome coxis; nela está colocada a base da cauda, imediatamente abaixo, junta-se a pélvis onde estão inseridos os membros posteriores.

Finalizando, o tipo correcto e intrinsecamente presente no standart descreve uma cervical longa (pescoço), uma estrutura óssea dorsal igualmente longa (resultando numa traseira curta com as costelas bem colocadas atrás); os ossos lombares devem ser curtos (ilustrando um lombo forte e amplo) terminando numa cauda igualmente curta e de inserção baixa.

Note-se. É de maior importância uma traseira curta pela colocação dos ombros bem carregados atrás do que por uma linha dorsal demasiado curta, descrevendo assim, nem um cão de subtipo Bull nem Terrier mas o mixto (middle of the road type), o único e o correctamente descrito pelo standart da raça.

Enio Velho
Bullema Bts

COMO SELECIONAR UM POTENCIAL LAR PARA OS NOSSOS CACHORROS

Cada vez mais é uma obrigação dos criadores garantir que os seus cachorros sejam entregues a um bom lar e a uma família que o faça feliz para o resto da vida, o que por muitas das vezes não é garantido a 100%. Como criadores, devíamos nos guiar por alguns pontos que acho essenciais na minha perspectiva e que vão ao encontro daquilo que pretendo na minha criação, seguindo certos parâmetros e éticas que me têm sido transmitidos por outros criadores de várias raças e entusiastas que me têm sido úteis nas minhas escolhas, e que aqui gostaria de partilhar.

1) Tente realizar um gênero de entrevista ao potencial interessado.

  • O que o levou a escolher a raça?
  • O que pode oferecer á raça?
  • O que espera que a raça lhe dê?
  • Já conhece ou pesquisou acerca da raça?
  • Mora em casa ou apartamento?

Qualquer que seja a resposta, é importante que o animal não tenha acesso livre à rua, para segurança dele próprio. Especialmente no caso de apartamentos, a pessoa que deseja ter um cão precisa ter as varandas fechadas com redes de segurança.

  • Quantas pessoas moram na casa?

Se a pessoa mora sozinha, terá com quem deixar o animal no caso de ausência? Se mora com outras pessoas, todos em casa estão de acordo com a aquisição,ou ainda existem duvidas?

  • Quais as características físicas que procura num Bull terrier(sexo,cor,tamanho,e.t.c..)?

É importante que as características do animal se adaptem ao ambiente do novo dono (espaço, higiene etc). Mas se a pessoa insistir em ter uma cadela pense bem pois a pessoa pode querê-la apenas para procriação.

  • Qual o comportamento que procura no animal?

É importante que o temperamento do animal se adapte à rotina do novo dono. Por exemplo, um cachorro muito carente não deverá passar os dias sozinho em casa durante o tempo em que os seus donos estão no trabalho.

  • Existem outros animais em casa?
  •  Quais?

É importante ter certeza de que os animais lidam bem uns com os outros. Muitas vezes eles precisam de algumas semanas para se adaptarem.

  • Já teve algum animal que tenha falecido?
  •  Por que motivo?

Essas perguntas ajudam a perceber se o novo dono tem as noções básicas de cuidados  e segurança do animal e se realmente estará preparado a dar os requisitos máximos que são esperados para uma raça como o Bull Terrier, sim, máximos pois quando se entrega um cachorro teremos de ter em consideração se o potencial interessado tem a noção que vai adquirir um companheiro para a vida, e que vai ter que ter o máximo de atenção com ele nos próximos 10 a 14 anos de vida.

  • Em caso de viagens longas com quem ficará o animal?

É muito comum as pessoas viajarem e simplesmente abandonarem os seus cães ou mesmo de os deixarem em hotéis para esse efeito .Explique a importância em haver alguém para cuidar do cão no caso do mesmo não possa ir na viagem.

2) Observe a maneira como a pessoa reage e lida com o animal.

  • Se o  mesmo o agarra com cuidado, se expressa carinho ou se parece ter nojo. Pela linguagem não-verbal muitas vezes consegue-se ver se a pessoa está a ser sincera.

3) Tente pedir ao futuro dono que assine um Termo de Responsabilidade

E que no mesmo indique que se por algum motivo de força maior não possa continuar a tomar conta do animal que contacte o criador para que o mesmo  o ajude a arranjar uma solução.

Se ele se recusar em assiná-lo, desconfie!

4) Se possível, tente visitar o local onde o animal irá viver.
Assim poderá ver se o espaço e  o ambiente são apropriados. Caso o ambiente seja inapropriado, explique lhe o que ele precisa para o fazer adaptar-se (espaço, higiene do local, segurança) para garantir o bem-estar do cachorro.
Se o candidato se negar a receber sua visita, desconfie! Ele pode estar apenas interessado em comprar o animal para lutas, para guardar espaços sem supervisão humana ou apenas para  procriação ou venda a terceiros  e etc…

Conselhos que deverão dar aos novos donos se deram por concluída a vossa escolha:

No calor do momento, qualquer pessoa leva um cachorro para casa e quando vê as dificuldades que eles dão no dia-a-dia, arrepende se. Então, para evitar futuros arrependimentos, é importante sensibilizar o novo dono nas seguintes questões:

Os animais não devem ficar em correntes ou presos em espaços pequenos, precisam de passeios diários, sociabilização com outros animais e se possível alguma atividade física.
Os animais dão gastos com alimentação, higiene e veterinário;
Animais fazem as suas necessidades e não as limpam.;
A castração ou esterilização é fundamental para preservar a raça,e que a criação deverá ser apenas praticada por criadores experientes e credenciados que defendem a raça de possíveis criadeiros.
Lembrar lhes que esta irá ser uma relação que lhes durará no máximo até 15 anos e que as principais causas de abandono dos animais são a  perda de emprego, divorcio, mudança de residência,gravidez,alergias, velhice e doenças que o  animal possa vir a ter até mesmo o facto do animal não ir ao encontro de aquilo que o dono esperava que ele viesse a ser.
Induzir que o abandono,não dar assistência minima ou maltratar um animal é crime!

Julgo que para obtermos a confiança do futuro dono do nossos cachorros, estas são algumas das perguntas e observações que devemos de ter em conta.

Lembrem se que criador é aquele que defende e fomenta as boas praticas da canicultura!
Portanto decida se quer apoiar quem vive para a raça ou quem vive da raça!
Criador é aquele que faz criação. Criação é o ato de criar. Mas nem todos os que criam, são criadores.

Filipe Araujo

Peso da expressão genética.

Qualquer que seja a operação de crossing, acarreta riscos, porque durante a sua realização se pretende afinar através das inúmeras e possíveis variações, a sua respectiva predominância. A sua receptibilidade, descortinamento, diluição e fortalecimento, representa a verdadeira prova de sucesso do cruzamento.

É importante não esquecermos, que as origens das raças foram fixadas através de fundadores originais, correspondentes cânones standarizados, resultantes de cruzamentos de consanguinidade directa. (alto índice de homozigose)

A maior dificuldade prende-se, em conseguir identificar e isolar a expressão do carácter hereditário. É extremamente difícil fixar genótipo, devido á variabilidade dos alelos que contribuem para o processo genético.

Por esta razão, vale ressalvar a importância fundamental necessária na análise dos ascendentes directos e dos sujeitos colaterais, porque ambos expressam geneticamente o seu contributo com maior ou menor incidência.

O peso da expressão genética dos aspectos dominantes fixam a sua força nos elementos regressivos mais fracos, ou seja, a capacidade reprodutiva de um macho fixar na sua prol as suas próprias qualidades, aumenta com o crescimento da contribuição do conjunto de elementos presentes na sua estrutura reprodutiva genética. O seu resultado, não é mais nem menos, que a influência exercida pela predominância e pelos ascendentes.

A homozigose no que respeita ás características e expressão genética dos elementos dominantes positivos, está directamente relacionada, com a capacidade de fixar as qualidades no conjunto descendente.

Para terminar deixo uma pergunta para análise e consideração:

Pegando nesta temática, qual seria para si mais válido, usar um reprodutor aberto que dê origem a 8 filhos de qualidade mediana, ou usar um macho em linha ou mais fechado em parentes próximos que origine dois ou 3 cães de excepcional qualidade fixados pelo aumento do coeficiente de inbreeding para as virtudes críticas?

Enio Roque Velho

Escolha de um Padreador

Os conhecidos Experts ou Criadores que estão apenas interessados em vender pelo melhor preço, aqueles que procuram cruzar cadelas em ritmo descontrolado, com uma nova estrela conhecida e que lhes permitirá vender cachorros de 6 semanas a preços de saldo, não deverão perder tempo a ler este artigo porque não é direccionado para eles, é direccionado sim, para os novatos na raça que desejam criar com consciência, melhor e melhores progénies para sua satisfação pessoal e para o desenvolvimento geral da raça.

O Criador iniciante é assombrado muitas vezes por textos e artigos complexos, onde a palavra genética é diluída em termos pouco convencionais como alelomorfos ou fatores poligâmicos etc, o que corresponde muitas vezes, à perca motivacional e invariavelmente para o aumento de incertezas na tomada das decisões, o que é completamente compreensível.

Pretendo com este texto, simplificar o tema e introduzir “a escolha de um padreador” com noções básicas de genética e praticas simplificadas que poderão ser trabalhadas no dia-a-dia, e servir de método para a selecção da próxima cruza.

Nos bull terriers, toda as virtudes são conhecidas em genética como dominantes: em teoria, um exemplar que possua essa característica (compreende-se por possuir essa característica quando reconhecida a olho nu) ele será dominante para ela. Um exemplo seria: um determinado macho possuí uma frente recta (correcta), quer dizer que ele é dominante geneticamente nesta característica em comparação com uma frente “abulldogada”. Em teoria se tiver optado por usar um macho com uma frente abulldogada numa fêmea com frente correcta, poderá supor que existe uma possibilidade de poder ter frentes correctas na mesma proporção que frentes abulldogadas. Parece simples e algo que toda a gente pensa! Mas será que pensam mesmo? Na verdade, quantas vezes vêm-se cruzas com faltas dramáticas, como ombros retos, traseiras demasiado anguladas, perfis exagerados etc., sendo repetidas inúmeras vezes?

Seguem algumas regras:

Regra nº1- Não cruzem fêmeas e machos que mostram as mesmas faltas porque se o fizerem, com certeza estarão a fortalecer características menos desejáveis e ainda que possam não ser dominantes (à vista) contribuíram com maior carga negativa na próxima geração.

Regra nª2- Nunca usem nada que não seja o melhor. Nos bull terriers todas as faltas são conhecidas como recessivas: a aplicação da afirmação não quer dizer que se possa concluir que uma falta é pouco provável de ser transmitida desde que seja recessiva, fraca ou não dominante, esta palavra em genética quer dizer que esta falta estará mascarada “debaixo” da dominante sempre que os dois pais sejam dominantes para ela. Deveremos nos lembrar que, na nossa raça julgamos e analisamos cães pelas virtudes e não pelas faltas e que mesmo que um determinado exemplar não possua determinada falta, não quer dizer que possua a virtude correspondente ou seja inversamente proporcional.

Regra nº3- Nunca se esqueçam quando estão à procura e a considerar um determinante padreador, que qualquer virtude poderá estar mascarada pela falta correspondente. Este facto leva-nos a uma conclusão simples e objectiva que é a dificuldade que os jovens criadores têm em entender que, quanto mais faltas tiverem os pais do padreador, maior a probabilidade deste carregar congenitamente esta característica e de esta falta estar mascarada “debaixo” deste virtude com maior ou menor carga.

Regra nº4 – Nunca usem um padreador sem que ambos os parentes, pai e mãe sejam de excelente qualidade. Uma chamada de atenção: parentes de excelente qualidade não necessariamente grande vencedores. Muitos destes cães de excelente qualidade são impedidos de entrar em exposições por faltas menores, como uma orelha mole, uma falta dentária, factores externos etc. Não esquecendo porém que, ainda que não sejam relevantes, deveremos estar atentos.

Cada característica num padreador é transmitida por metade da parte do pai e metade da parte da mãe. Se cada um destes, mostrar fisicamente (fenotipicamente) esta determinada característica, ou seja, ela sendo dominante em ambos os casos, pode-se concluir que existe uma boa probabilidade de esta ser bem marcada e muito provavelmente a passará de uma forma dominante e consistente na prol, sendo que, o mesmo acontecerá no caso contrario.

Regra nº5 – Use um animal que possua o maior número de virtudes em detrimento das faltas que a fêmea tenha e que de preferência seja dominante para elas, ou seja, que ambos os pais desse padreador possuam essa mesma virtude. Não esquecendo que nenhum exemplar é perfeito e por isso, importante que não sejam repetidas as mesmas faltas.

 

Em conclusão o que seria um bom padreador para determinada fêmea:

Teria de ser um macho de excelente construção com parentes próximos suportando as mesmas características dominantes e sem as faltas que a fêmea apresenta. Uma nota muito importante para a correcta avaliação das cargas dominantes nos parentes próximos quando pensamos usar um macho aberto. Por isso ser tão importante possuir total conhecimento do pedigree e das características dominantes nos exemplares que dele fazem parte.

-Escolham padreadores que sejam dominantes para um conjunto de virtudes ao invés de uma característica única, como uma cabeça curva ou simplesmente pelo tamanho.

-Cães que produzem cachorros demasiado precoces por norma tendem a tornar-se grosseiros. A qualidade leva tempo a ser lapidada.

-A melhor forma de analisar um padreador é pela prol. A prol mostrará o que de melhor e pior transmite a nossa escolha.

– Procure cães em linha ou com relação de parentesco próximo para fortalecer determinada característica. Invariavelmente isso lhe dará melhores hipóteses e menores riscos.

 

Enio Velho

MATERNIDADE

Estará a sua cadela pronta para ser mãe……

O primeiro cio começa normalmente entre os 6 e os 12 meses de idade e varia de raça para raça, sendo que os cães mais pequenos começam mais cedo e as raças de grande porte mais tarde.

O intervalo entre o ciclo estral (cio) é de aproximadamente seis meses, podendo variar consoante cada raça e cada exemplar.

A progressão do ciclo estral acontece da seguinte forma:

  • Proestro – Apresenta a vulva com um aumento de tamanho, sangramento vaginal e apesar da atração dos machos, ainda não aceita a monta. O proestro geralmente termina quando o sangramento vaginal cessa, mas algumas cadelas podem continuar a sangrar mesmo após o proestro. É nessa fase que os ovários começam a se preparar pra ovulação.
  • Estro – É o período fértil da cadela, quando ocorre a ovulação, encontrando-se nesta fase, a maior receptividade aos machos. A ovulação ocorre em média 2/3 dias após o início do estro e é nesta fase que deverá ocorrer o acasalamento.
  • Diestro- É a fase após o cio da cadela, na qual ela já não se encontra receptiva ao macho.
  • Anestro- A fase é caracterizada pela ausência de atividade reprodutiva que pode variar entre 3 e 10 meses.

O período de gestação das fêmeas dura entre 58 e 65 dias e durante esta fase, ela deve ter uma alimentação com uma ração balanceada, fraccionada durante várias vezes ao dia, sempre com água limpa à sua descrição e também, deverá começar a familiarizar-se com o local em que irá ficar com os seus filhotes. Uma óptima opção será uma maternidade.

O parto é trabalhoso e moroso, sendo necessário ter uma zona preparada onde a cadela se possa sentir confortável para dar à luz os bebés. É importante que esta fase seja preparada com a devida antecedência de forma a estar o mais organizado possível para dar a devida e correta assistência, caso esta necessite.

Para isso, deverá aconselhar-se junto do seu veterinário de confiança e também, recolher o máximo de informação com criadores experientes de modo a reconhecer sintomas, possíveis complicações no parto e poder agir em tempo útil e da melhor forma.

Deste modo, é importante ter sempre o contacto do seu veterinário caso exista alguma complicação no parto, pois pode existir necessidade de ser feita uma cesariana.

É importante estar atento a todos os pormenores e sinais que a gestante demonstra, como a temperatura corporal, que é um dos primeiros sinais, sendo que esta sofre uma queda de 38,5° para 37°c.

 

Para isso, deverá ir monitorizando a temperatura com leituras regulares, utilizando um termómetro na zona rectal.

Também poderá ocorrer perda de apetite, uma vez que por norma, a cadela deixa de comer no dia do parto ou até mesmo nos dias anteriores e pequenas contrações que deveram aumentar em intensidade e diminuir em período de tempo. A respiração tende a ficar ofegante, sintoma facilmente detectado.

Habitualmente nesta fase, a cadela manifesta desconforto, encontrando-se mais inquieta. Uma das reacções naturais é começar por arranhar o local onde pretende ter os bebés, como se quisesse fazer um buraco. Este é um comportamento inato desta espécie. Pelo que, deveremos encaminhar a cadela com tranquilidade para o local antecipadamente preparado para o nascimento, de forma a evitar que ela escolha um local desadequado para o efeito.

Outro sinal de aviso é o possível corrimento vaginal, que poderá ter uma cor esverdeada/acastanhada. Se verificar a ocorrência desse corrimento, deverá redobrar a atenção, uma vez que a mãe poderá estar a iniciar o trabalho de parto e o primeiro cachorro deverá nascer nas próximas 2-4 horas.

Verificando-se os sintomas descritos anteriormente e não ocorrendo algum nascimento, recomenda-se nesta altura, que seja contactado o veterinário por forma a dar apoio e seguimento.

O trabalho de parto dura normalmente 3 -12 horas. O cérvix e o útero preparam-se para o parto com pequenas contracções, que podem não ser visíveis, a vulva começa a dilatar, durante essa fase é normal que volte a ficar inquieta e que trema e arfe e a temperatura rectal regressa ao normal.

Inicia-se nesta altura, o nascimento dos cachorros, que podem compreender intervalos de aproximadamente 20 minutos, extensíveis a duas horas, uma vez que a cadela poderá necessitar de descansar, nesse intervalo.

Contacte o veterinário caso verifique que o nascimento de um bebé não acorre no período máximo de 2 horas após o nascimento do anterior.

A amamentação é importantíssima para os bebés, pois contém um alto valor energético. É crucial que nas primeiras 8 horas de vida mamem regularmente, isso ajudará a garantir que eles recebam o colostro do leite da mãe, que fornece anticorpos e factores de crescimento que ajudam na imunidade e no desenvolvimento nas primeiras semanas de vida. (para mais informações acerca da alimentação, deverá consultar a nossa página dedicada ao tema).

Para garantir o bem estar e correto desenvolvimento dos bebes, aconselha-se que a maternidade esteja devidamente equipada com barra de esmagamento, evitando assim, que a mãe se deite em cima deles de forma não intencional, uma vez que os bebes não têm a capacidade de se proteger. Outra vantagem, será revestir o chão com tapete de borracha ou algum outro material antiderrapante, evitando assim que os bebés escorreguem, principalmente quando começam a dar os primeiros passos, além de ser um excelente isolante térmico.

Cachorro quente – Cachorro vivo”. Por isso é imprescindível ter uma lâmpada de aquecimento colocada no espaço onde está a mãe e os bebés. Esta lâmpada deverá estar sempre ligada evitando quebras de temperatura, uma vez que não conseguem regular a temperatura corporal, sendo esta, uma das razões de maior mortalidade. Poderá também utilizar sacos de água quente ou outras fontes de aquecimento seguras que ajudem a manter o espaço à temperatura recomendável.

NÁDIA SOUSA

SURDEZ HEREDITARIA NOS BULL TERRIERS

Aproximadamente 300 doenças foram até agora diagnosticadas como hereditárias. Algumas delas bastante importantes nos Bts e todos Criadores deverão estar atentos à natureza do problema no intuito de a criação futura ter como base cães saudáveis.
O Criador deverá estar atento ao resultado dos padreadores activos no canil e em particular ao progresso e desenvolvimento da prol criada pelo mesmo, caso contrário alguma desordem hereditária poderá estar a ser amplamente difundida e cimentada num carácter genético dominante ou recessivo, mas certamente indesejado.
SURDEZ
Importante reter que traços são determinados por genes em pares, sendo que alguns genes mostram-se fenotipicamente (fisicamente) quando presentes e são chamados de genes dominantes, mesmo quando o seu par é diferente, sendo este gene invisível chamado recessivo. Traços controlados por genes recessivos precisam vir em pares para se mostrarem fenotipicamente. Para que os traços sejam dominantes e por conseguinte visíveis, é necessária a presença de apenas 1 dos genes ser dominante e é impossível determinar se nesse caso ambos os genes são dominantes ou apenas um.
Assim, desde que o gene para a audição normal seja dominante sobre o da surdez, é impossível determinar se o animal é portador de ambos os genes dominantes para a doença ou apenas um que se sobrepõem ao recessivo, ou seja, se um cão com genes inteiramente dominantes é cruzado com uma surdez, o resultado seria que todos os cachorros teriam audição correcta e este é maior problema. A surdez apenas ocorre a partir do momento em que dois portadores carregarem recessivamente o gene da surdez, espera-se neste caso que cerca de ¼ da ninhada nasça surda. É então extremamente importante os Criadores terem consciência e estarem informados que mesmo cruzando dois cães com audição normal poderão resultar em alguns cachorros surdos. Mesmo sendo portadores poderão ter audição correcta, eles só poderão ser identificados quando cruzados entre eles e ai o resultado será um risco inalterável advindo todas as complicações resultantes de uma ninhada com cachorros hereditariamente e fisicamente surdos. Claramente sempre iram exisitr cães que comportam o gene (ainda que não se manifeste) e por esse motivo torna-se tão IMPORTANTE O APPROFUNDADO CONHECIMENTO GENETICO DOS EXEMPLARES, ASSIM COMO A INFLUÊNÇIA HEREDITÁRIA DOS ASCENDENTES QUE COMPOEM O GENOMA DO ANIMAL.

Enio Roque Velho

ALIMENTAÇÃO CANINA

Diferentes etapas de desenvolvimento e a importância de uma alimentação de qualidade

O bom desenvolvimento de um cachorro depende da qualidade nutricional da sua alimentação. Esta deve ser rica em proteínas, vitaminas e sais minerais, alta digestibilidade e adaptada às necessidades de cada raça. O valor energético para um cachorro deve ser superior ao de um cão adulto para que a massa muscular e a constituição óssea se formem corretamente.

Uma alimentação saudável contribuirá para o bem-estar, a forma e a longevidade do seu cão. Após o nascimento e até ao desmame pese o cachorro frequentemente, a fim de verificar se ganha peso diariamente.

Recém-nascido

Os primeiros 14 dias após o nascimento dos recém-nascidos são um momento crucial para garantir a evolução de uma vida adulta saudável. É importante cuidar deles principalmente nas primeiras 48 horas e garantir que recebam o calor e a nutrição de que precisam. A melhor alimentação para os recém-nascidos é o leite materno pois contém o colostro. O colostro ajuda a estimular o sistema imunológico dos bebés, uma vez que este é rico em imunoglobulinas sendo fundamental para manter o cachorro protegido contra todo tipo de doenças infeciosas durante o primeiro mês de vida . O leite materno deve ser o alimento de um bebé desde o seu nascimento até sensivelmente aos dois meses de idade, já que o leite materno proporciona nutrição e anticorpos necessários para que o animal cresça saudável.

Se, por algum motivo a mãe não puder amamentar ou tiver pouco leite, ou ainda, no caso de recém-nascidos órfãos, é necessário fornecer aos bebés um substituto de leite ou suplemento de leite de 2 em 2 horas até começarem a ingerir alimentos sólidos ou semissólidos.

Existem já várias marcas que fornecem este tipo de leite, como por exemplo: Royal Canin – Babydog milk, Royal Canin – Puppy Pro Tech, Versele Laga – Oropharma – Pet Milk, Sofcanis – Leite Mixol, Trixie – Leite de Substituição para Cachorros, Farm Food nº1 Leite de Cabra em pó, Arion – Premium Milk, etc

Nota: Não se deve dar leite de vaca aos recém-nascidos, pois a composição do leite varia conforme a espécie animal e essa dieta pode gerar deficiências nutricionais graves. O leite de cadela possui mais que o dobro de proteínas, gorduras e energia que o leite de vaca.

Existem também alternativas como o leite de cabra ou também uma mistura de leite feito através de receitas caseiras.

Recém-nascidos órfãos

Os bebés sem mãe são muito frágeis! Criar bebés órfãos é uma tarefa muito gratificante, mas também requer paciência, persistência e sabedoria para tentar ultrapassar todos os obstáculos como por exemplo, a falta de temperatura corporal, a desidratação e a hipoglicemia.

Um bebé órfão necessita de manter a sua temperatura corporal constante (A temperatura rectal de um cachorro recém-nascido varia entre 35ºC a 37,2ºC na primeira semana, 36,1ºC a 37,8ºC na segunda e terceira) para isso recorremos a  botijas de água quente, luzes de aquecimento ou incubadoras, pois só a partir da quarta semana é que estes conseguem gerir a sua temperatura corporal que deverá rondar os 38ºC  a 39ºC .

Deve-se alimentar os bebés órfãos recém-nascidos com substituto de leite de 2 em 2 horas na primeira semana, podendo nas semanas seguintes ser mais espaçado, mediante a necessidade do cachorro e depois iniciar a papinha (sensivelmente após a 3 semana). Como estes não conseguem controlar a sua temperatura corporal, o leite deve ser aquecido entre os 35ºC a 37,8ºC . À medida que vão crescendo, o leite pode ser dado à temperatura ambiente.
A área genital dos bebés deve ser estimulada, após a alimentação, com um pano ou bola de algodão húmidos, para desencadear a micção e a defecação. Este procedimento deve efetuar-se durante as primeiras duas semanas afim de evitar a obstipação e cólicas.

 

Cachorro

O desmame dá-se por volta dos dois meses, mas desde a terceira semana pode habituar o seu cachorro a alimentar-se sozinho, pondo à sua disposição uma papa que resulta de uma mistura líquida de leite de substituição para cão (nunca lhe ofereça leite de vaca, que pode provocar diarreias) e do futuro alimento sólido (75% de leite para 25% de ração). Deverá estar a uma temperatura de 35 a 38ºc. Um cachorro deverá comer entre 3 a 4 vezes ao dia.

Júnior

A fase de crescimento de um cão é fundamental para conseguir um adulto saudável que desenvolva todo o seu potencial genético. A alimentação dele nesta fase de crescimento irá influenciar a sua saúde e bem estar em fase adulta, portanto é de extrema importância fornecer uma alimentação de alta qualidade, de um fabricante reconhecido, pois esses alimentos foram formulados, balanceados e testados para garantir que os animais receberão tudo o que precisam para serem saudáveis, principalmente durante o primeiro ano a ano e meio de vida do seu Bull terrier.

Principalmente nesta fase os cães devem comer uma ração de qualidade superior e equilibrada, rica em proteína de alta qualidade que são componentes estruturais da massa muscular, vitaminas e sais minerais, alta digestibilidade, ómegas 3 e 6, condroitina e glucosamina que garantem a boa lubrificação das articulações, que sabemos que é essencial para esta raça:

  • Proteínas: São de suma importância para o funcionamento do organismo, e em especial nesta raça, são muito importantes para o correto desenvolvimento e crescimento da musculatura.
  • Zinco: O zinco é um mineral essencial para a síntese de muitas proteínas, ou seja, sem a presença dele, algumas proteínas ficarão desfasadas. Contudo, no Bull Terrier este mineral é importante devido a dermatose por deficiência de zinco, uma doença a qual a raça tem predisposição genética.
  • Pré-bióticos e Probióticos: São fundamentais para a saúde intestinal do cão. Uma saúde intestinal equilibrada, significa maior absorção de nutrientes.
  • Condroitina e Glucosamina: Atuam diretamente nas cartilagens e nas articulações, sendo necessários para a manutenção destas. Como o Bull Terrier é uma raça com predisposição a problemas articulares, certamente é beneficiado com estes nutrientes.

 

Adulto

Nesta fase os cães adultos devem continuar uma alimentação equilibrada de alta qualidade para cães adultos de tamanho médio/grande, adaptada às suas necessidades e carências características da raça.

Uma alimentação adequada para a raça Bull Terrier deve conter proteína de alta qualidade, vitaminas e sais minerais, alta digestibilidade, ómegas 3 e 6, condroitina e glucosamina fibras, etc. Mas um dos fatores essenciais é o zinco, pode evitar sérios problemas de saúde para o animal. Já se sabe que esta raça apresenta uma deficiência desse componente, o que pode prejudicar seriamente o crescimento. Além disso, outros sintomas visíveis da falta desse componente é conjuntivite, enfraquecimento no sistema imunológico, além de lesões na pele. As lesões na pele são as mais evidentes, podendo causar o aparecimento de crostas, peladas, vermelhões e até mesmo inflamações bacterianas. A latente deficiência de zinco só pode ser corrigida com uma alimentação balanceada.

 

A melhor forma de protegermos o nosso animal é dando-lhe a melhor alimentação possível para que ele cresça saudável. As rações de qualidade ajudam a manter a melhor forma e fortalecem a musculatura, uma área de extrema importância para a raça Bull Terrier, além de prevenir certas doenças comuns na raça, como dermatites, doenças cardíacas e doenças articulares e ósseas.

Com que frequência deve alimentar o seu cão?

  • Desmame: 4 refeições por dia
  • Até aos seis meses: 3 refeições por dia
  • 18 meses em diante: 2 refeições por dia

Como escolher uma boa ração? O que procurar na embalagem?

Diversas observações devem ser feitas pelos proprietários para se escolher uma boa ração para o seu cão. Primeiro deve-se procurar rações de fabricantes reconhecidos e de melhor qualidade, chamados de “super premium” que atendam às necessidades de porte ou raça e idade do animal. Depois o proprietário deve consultar no rótulo informações nutricionais, como a lista de ingredientes e os níveis de garantia do produto, como a quantidade de energia metabolizável (quantidade de calorias que o alimento fornece por quilo), a quantidade de proteína, gordura e cálcio. Os alimentos variam de forma muito importante em relação ao fornecimento de nutrientes, mas devem estar adaptados para os animais aos quais se destinam.

De maneira geral, um alimento “super premium” de qualidade fornece:

  • Entre 3.800 e 4.200 kcal/kg;
  • Proteína: pelo menos 22% para cães adultos, pelo menos 25% para cachorros. As proteínas devem ser de alta digestibilidade (em produtos de excelente qualidade o fabricante garante digestibilidade de pelo menos 90% da proteína);
  • Gordura: pelo menos 10%;
  • Cálcio: entre 0,8% e 1,8% para cães adultos; entre 1,0% e 1,5% para cachorros;
  • Matéria mineral menor que 8%;
  • Fibra bruta menor que 3%;
  • Ingredientes de origem animal e vegetal como fontes de gordura e proteínas de alta qualidade (óleo de peixe, gordura de bovinos ou aves, óleos vegetais, farinha de vísceras de frango, proteína isolada de suíno, glúten de trigo, proteína de soja etc.);
  • Uso de minerais quelatados (alta absorção);
  • Uso de diferentes nutracêuticos (alimentos funcionais) como polifenóis e chá-verde (antioxidantes), zeolita (proteção da mucosa intestinal), manano-oligossacáridos e fruto-oligossacáridos (prebióticos), óleo de peixe (fonte de ácidos graxos ômega 3), óleo de borragem (fonte de ácidos graxos ômega 6) ou glicosamina e condroitina (saúde de articulações);
  • Verificar se o fabricante disponibiliza materiais informativos sobre seus alimentos, pois normalmente existem mais informações nesses materiais que podem auxiliar o proprietário na hora da decisão.

Dizem que somos aquilo que comemos. No caso dos nossos cães, esse ditado também pode ser aplicado. É importante manter a mesma ração e qualidade no mínimo até ao primeiro ano de vida do seu Bull terrier. Trocar de ração repentinamente podem provocar diarreias, vómitos, fezes amolecidas e uma consequente desidratação. Constantes trocas de rações pode mesmo acabar por causar sérios danos no trato digestivo do animal, despertando inúmeras alergias, sensibilidades alimentares, carências nutritivas, dermatites e otites.

Uma mudança de alimentação deve ser sempre gradual, no primeiro e segundo dia deve fornecer apenas 25% da ração nova e 75% da ração antiga, no terceiro e quarto dia 50% da ração nova e 50% da ração antiga, no quinto e sexto dia 75% da ração nova e 25% da ração antiga e a partir do sétimo dia só ração nova.

Deve sempre consultar o seu veterinário sobre a saúde de seu animal para determinar a sua alimentação e quando se deve ou não trocar a alimentação.

Suplementos e vitaminas são mesmo necessários para os nossos cães?

As principais vitaminas para os cães e qual função cada uma delas desempenha:

  • Vitamina A: está relacionada a uma boa visão, à síntese de hormonas e à regulação de funções da pele.
  • vitamina C: formada no organismo dos cães a partir da glicose, pelo fígado
  • Vitamina D: regula o metabolismo do cálcio e do fósforo.
  • Vitamina E: tem forte função antioxidante.
  • Vitamina K: participa da coagulação do sangue e da metabolização de proteínas.
  • Vitaminas do complexo B: têm funções antioxidantes, melhora, o funcionamento do sistema nervoso e da pele, contribuem para a metabolização da glicose e são auxiliares da replicação celular e do DNA.

Se o seu cão tem uma boa saúde e consome uma ração de alta qualidade, completa e balanceada para as necessidades dele, suplementos ou vitaminas adicionais geralmente não são necessários, uma vez que as rações atendam às necessidades de porte ou raça e idade do animal. Acrescentar vitaminas ou suplementos desnecessários a dieta do seu cão pode causar desequilíbrio, overdose acidental, más formações ósseas (excesso de cálcio), sedentarismo e à obesidade (carboidratos em excesso) lesão renal (excesso de sal, proteínas e fósforo), etc. Enquanto o excesso de vitaminas C e do complexo B pode ser facilmente eliminado pelo organismo do seu cão – por serem hidrossolúveis 3 as vitaminas lipossolúveis em excesso podem causar danos ao cão por se acumular no organismo.

Em caso de dúvida se o seu cão sofre de uma deficiência de vitaminas, consulte sempre o seu veterinário para saber qual é a melhor vitamina ou suplemento para o seu cão em específico e a para situação dele, não vá em diagnósticos pela Internet, Google ou redes sociais, cada animal é um caso diferente e as auto medicações podem ser fatais.

Raquel Santos

O Bull Terrier é um cão que não exige muita manutenção embora requeira uma escovadela semanal. Sendo um cão de pelo curto, perde pelo o ano inteiro, sendo a queda mais acentuada em Março e Outubro.

Banhos

Não há um número estipulado de banhos a dar ao seu cão. Os banhos deverão ser dados quando o dono achar ser necessário, claro que não se deve dar banho todas as semanas (mínimo entre banhos deverá ser um mês). Por exemplo, se for passear o seu cão há praia ao chegar a casa, deverá dar-lhe banho ou simplesmente passá-lo por água doce para retirar a água salgada e a areia do pelo.

 

Shampoo adequado

Os shampoos que utilizar deverão ser sempre para cães. Nunca se deve utilizar shampoo de pessoas, gel de banho de pessoas ou sabão azul e branco, só irão secar a pele do seu cão e provavelmente acabando por lhe provocar problemas de pele.

Os cães brancos, por terem uma pele mais sensível, deverão tomar banho com shampoo para peles sensíveis, geralmente shampoos vendidos em clínicas veterinárias. Existem no mercado, shampoos para cães de pêlo branco que servem para branquear o pêlo, mas um cão que esteja bem tratado e em excelentes condições não necessita deste tipo de shampoos, de notar que alguns cães desenvolvem alergia a estes shampoos.

 

Sensibilidade dos cães brancos ao sol

Os Bull Terrier brancos são muito mais sensíveis ao sol, por terem a pele menos pigmentada que os Bull Terrier coloridos e por essa razão, deveremos ter cuidados redobrados com relação ao sol. Devemos também, evitar que estejam muito expostos ao sol durante o verão, pois provavelmente irão apanhar um escaldão. Para evitar os escaldões deverá ser aplicado com regularidade, protetor solar (fator 50+, o mesmo que usado nas crianças) nas zonas do focinho, barriga, axilas e interior das orelhas.

 

Porque é que o Bull Terrier faz calos

Por serem cães pesados e com pouco pêlo, o Bull Terrier tem tendência a fazer calos nos cotovelos e joelhos que por vezes infetam acabando por ser necessário leva-los ao veterinário para fazer tratamento. Para evitar que isso aconteça, os locais onde permanecem regularmente, deveram estar dotados de mantas, colchões, camas macias, ao mesmo tempo deverá ser aplicado com regularidade, um creme gordo hidrante nas zonas propensas e/ou afetadas.

 

Limpeza dos ouvidos

Os ouvidos deverão ser limpos uma vez por semana. Existem no mercado produtos próprios para limpeza de ouvidos que poderão ser encontrados em veterinários ou em lojas de animais.

Este cuidado evita problemas de inflamações e irritações futuras.

 

Manutenção das unhas

A manutenção das unhas é muito importante, porque unhas grandes dificultam o movimento dos cães daí ser muito importante passeá-los em pisos aonde seja possível gastar as unhas.

Caso tal não seja possível, as unhas deverão ser cortadas uma vez por mês ou sempre que se justifique, para evitar que cresçam demasiado.

Este processo, deverá ser posto em prática por alguém que tenha experiência de forma a não causar lesões no animal.

Texto por Catarina Quintino

O acordo dos 3 CC’s e os falsos deuses

Poderia iniciar a minha dissertação usando um velho cliché dizendo que “talvez” muita gente não saiba disso, mas sejamos francos, eu nunca ouvi ninguém falar sobre isso e como não é do meu feitio ficar a enrolar, vamos directos ao assunto.

Durante muitos anos, e isso durou até há pouquíssimo tempo atrás (acabou quando a raça literalmente virou um comércio), havia um acordo de cavalheiros em Inglaterra que dizia que a carreira de um cão terminava no momento que ele conquistasse os 3 CC’s necessários para se tornar campeão e é exactamente por isso que a maioria dos grandes cães nunca tiveram mais do que 3 CC’s na vida, óbvio que a regra foi quebrada algumas vezes como por exemplo com o Ch Abraxas Audacity que teve 10, CH Kearbys Temptress com 6 e com o recordista Ch Jack Hardy Davies of Langville com 16 (notem que este cão tinha 16, ou seja, “existiram” recordistas ingleses que na verdade nunca quebraram recorde nenhum, mas afinal quem sou eu para dizer o contrario?). O fato é que havia pessoas que apoiavam este acordo e havia pessoas que não.

Os que não apoiavam diziam que o acordo apenas beneficiava os criadores maiores que tinham sempre cães para fechar campeonatos, este pessoal também defendia que o público acabava por esquecer muitos cães pelo fato das carreiras em exposições serem muita curtas. Os defensores diziam que isso era uma maneira de se evitar “falsos deuses” e que os bons criadores deveriam procurar cães que complementassem as suas fêmeas e não cães que ganhassem. Eu não preciso nem dizer que este acordo foi essencial para a raça e mais interessante ainda é que apesar das graves divergências, ele era cumprido por todos. Os cães que eu citei eram de criação e propriedade de criadores maiores, porem ninguém jamais reclamou ou se sentiu ofendido por estes grandes exemplares terem sido excepção à regra, afinal quem discute a qualidade de um Audacity como um show dog, mas tendo como facto curioso, ele nunca produziu nada na primeira geração (terá sido ele um falso deus?

O facto de se evitar falsos deuses colocava a raça nas mãos dos bons criadores e não dos juízes. O criador para conseguir algum destaque tinha que invariavelmente recorrer a grandes canis em busca de um bom cachorro ou um bom padreador, pois naquela época a frequência em exposições não dava “fama” e credibilidade a ninguém, o que dava fama era possuir ou criar cães realmente excelentes, independentemente da sua carreira em ringue. Infelizmente hoje a coisa mudou tanto que somente tem valor o cão que pseudo-ganha.
A guerra contra os falsos deuses foi perdida quando os seus mentores e defensores saíram de cena. E sabem uma coisa interessante? Quem mais vendia e exportava cachorros, ou melhor, se preocupava mais em vender cachorros? Eram os criadores menores que defendiam a quebra do acordo, hoje infelizmente eles são a maioria esmagadora e a raça virou um circo dos horrores. E pior do que este acordo já não existir, é saber que maioria não tem nem ideia de que um dia ele existiu.

Eu mesmo, considero-me uma vítima do novo acordo, pois também eu cresci dentro desta cinófila “moderna” e demorei muito para entender porque é que eu não me encaixava e digo sinceramente que se eu não tivesse descoberto, hoje com certeza eu não criava cães.
Eu continuo a criar, porque acredito que um dia nós poderemos fazer diferença.

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