O Luís Sajara e a mulher, Henriqueta, têm sido uma presença constante nas exposições caninas em Portugal desde os anos 80, ainda que nos últimos anos tenham aparecido menos vezes, por questões de saúde. Fomos visitá-los à Quinta da Cruz da Pedra, em Portalegre, que é também o nome do seu afixo, para falarmos da raça que os apaixona, o Fox Terrier de Pêlo Liso.

Fomos recebidos numa sala cheia de taças, estatuetas, fotografias de cães e catálogos de exposições, sinais do papel importante que os cães têm tido nas suas vidas e do sucesso obtido nas exposições. Folheando os dossiers que guardam títulos, pedigrees e relatórios de exposição contabilizámos 17 Campeões de Portugal, grande parte dos quais foram também Campeões de Espanha, Campeões Internacionais e Campeões de Gibraltar.

Pedimos ao Sajara que nos falasse do seu projecto de criação…

“Em minha casa sempre existiram cães e desde criança que me lembro de termos cães de caça de tipo Fox Terrier, mas sem pedigree. Mas o projecto de criação de Fox Terrier de Pêlo Liso começou a sério quando comprei a Queen ao Engenheiro Vasconcelos, em 1979. Foi com ela que começámos a ir às exposições e foi ela que nos deu a primeira ninhada de Fox Terriers de Pêlo Liso da Quinta da Cruz da Pedra, em 1981. Desta ninhada nasceu a Margot, que não gostava de exposições.

Como nesta altura só havia o canil do Eng. Vasconcelos, resolvi importar cães de fora: comprei un cão e uma cadela ao canil Sufredon, na Escócia. O cão, que se chamava Sufredon Skipper, foi muito importante para nós, mas a cadela acabou por não servir para criação e ofereci-a a um caçador, pois era excelente para a caça. O Skipper cruzou com a Margot e dessa ninhada nasceu o Myke, em 1983. Para me compensar pela cadela que não servia para criação, a criadora escocesa enviou-me em 1984 uma cadela adulta, Sufredon Stock in Trade, grávida de um campeão de Inglaterra. Desta ninhada nasceu a Za Za da Quinta da Cruz da Pedra, que mais tarde foi cruzada com o Skipper e foi mãe da Panda. A Za Za foi ainda cruzada com o Myke, nascendo assim o Dagon. Era um cão espectacular! Ganhou duas vezes o Best in Show em1995. Saía à mãe, que ganhou uma vez o Best Junior in Show e Reserva de Best in Show.

Em 1994 tivemos no nosso canil um Fox Terrier Campeão do Mundo, Maryland Pepe Tanny, que cobriu algumas cadelas. Destes cruzamentos nasceram a Inka, o Ing e o Iago. O Ing foi uma vez o Melhor Veterano da Exposição.

Dagon- Best in Show em duas exposições.

Fiquei, entretanto, com uma cadela espanhola, Bella, de linhagem alemã e adquiri um novo macho na Finlândia, Wolfheart Delaware, nascido em 1996. Do cruzamento destes dois cães nasceu a Nuka em1998. Esta cadela foi cruzada mais tarde, com o Pólo, Mosvalley Masterclass, que veio de Inglaterra. Deste cruzamento nasceu o Scherlock, que foi cruzado recentemente com uma outra filha do Pólo, Tuyford Von Haus Lusithania, donde saíu o Teddy, que começámos a expôr este verão.”

Luís Sajara é sócio do Clube Português de Canicultura e sócio do Terrier Clube Portugal, tendo desempenhado funções nos orgãos sociais e em várias comissões dos mesmos. Apesar de morar em Portalegre, a distância nunca o impediu de deslocar-se regularmente ao CPC para participar em reuniões e sessões de trabalho exigidas pelos cargos que tem ocupado.

Na sua actividade como canicultor, recebeu a base do projecto de criação já existente do Eng. Vasconcelos. Partindo daí, traçou o seu próprio caminho e deu um contributo considerável à divulgação do Fox Terrier de Pêlo Liso ao importar vários exemplares de grande qualidade de canis de renome mundial e tendo uma presença assídua nas exposições. Mais de vinte anos depois, o seu trabalho serve de base a outros projectos de criação. Depois de um período de abrandamento imposto pela saúde, sente de novo vontade de relançar o seu projecto e de atrair novas pessoas para a raça.

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