Perguntas frequentes

Uma raça é uma população, dentro de uma espécie, com uma determinada bagagem genética, distinta da de outras raças, e que determina determinado fenótipo (aparência) e determinadas aptidões e/ou comportamentos.

Texto gentilmente cedido por Isabel Alves, afixo Sealords, Old Sheepdog

Um cão de raça puro é aquele em que, em gerações anteriores, não houve cruzamentos com indivíduos de outras raças e que, cruzado com um indivíduo da mesma raça (de sexo oposto, claro …), dará cachorros dessa mesma raça, sem parecenças com outras raças.

Ser puro não tem, no entanto, nada a ver com ser um bom exemplar da raça. Um cão de raça é tanto melhor quanto mais perto estiver da descrição do cão ideal, que é feita no estalão da respectiva raça. Anos de cruzamentos feitos sem controlo e sem aferição (Exposições, confirmação) fazem com que muitos cães ditos de raça apenas vagamente tenham as características essenciais das mesmas (basta olhar para os pseudo-Caniches, pseudo-Cockers, pseudo-Boxers, pseudo-Pastores Alemães, pseudo-Labradores, etc com que nos cruzamos todos os dias nas ruas e vemos nos sites e revistas de animais).

 

Texto gentilmente cedido por Isabel Alves, afixo Sealords, Old Sheepdog

O pedigree é a árvore genealógica do cão.

Por vezes ouve-se falar em “excelente pedigree” e relaciona-se com a maior ou menor abundância de Campeões no pedigree. No entanto, excelente pedigree é aquele que revela um determinado plano de criação e em que se usam linhas e reprodutores de valor. Desta forma, só as pessoas que estão “dentro da raça” e a conhecem bem estão habilitadas a reconhecer um bom pedigree.

Texto gentilmente cedido por Isabel Alves, afixo Sealords, Old Sheepdog

LOP é a sigla para Livro de Origens Português. É um livro que está, em Portugal, a cargo do Clube Português de Canicultura (CPC) e é o único livro genealógico canino português reconhecido pela FCI, AKC e KC. Nesse livro são identificados e registados os cães de raça pura. Para um cão poder entrar no LOP é necessário que os seus pais estejam também registados no LOP ou noutro Livro de Origens reconhecido pela FCI e, obviamente, que sejam da raça (e por vezes também da mesma variedade) em questão.

Os cães com registo no LOP têm ascendência conhecida até, pelo menos, à terceira geração, ou seja, conhecem-se, pelo menos, os pais, avós e bisavós.

Em termos práticos, interessa salientar que o registo LOP é o único documento que atesta a pureza do cão já que comprova que todos os seus ascendentes pertencem à raça em questão, sem misturas com outras raças. Por isso, um cão que não tenha registo não pode ser considerado como “de raça X” mas apenas “de tipo” ou “de aparência X” (aliás como é contemplado em legislação estrangeira).

Embora na linguagem corrente exista uma certa utilização indiferenciada dos termos pedigree e registo no LOP (ou, simplesmente, LOP) os dois conceitos não são iguais. Como dito anteriormente, pedigree é a árvore genealógica do cão e, como tal, todos os cães (inclusivamente rafeiros) dos quais se conheçam os ascendentes têm uma. Nos cães considerados de raça pura, essa árvore genealógica é registada, ou seja, devidamente documentada e certificada pelo organismo que emite o registo. Atenção, que nos últimos tempos tem-se assistido ao pulular de entidades marginais que registam cães e emitem pedigrees, muitas vezes sem quaisquer tipo de regras ou controlo. Só os pedigrees emitidos com base nos registos mantidos por entidades oficialmente reconhecidas são válidos internacionalmente.  Portugal, como país membro da FCI, apenas reconhece os pedigrees emitidos pelos clubes reconhecidos por esta entidade (veja a lista dos livros de origens reconhecidos pela FCI e suas siglas).

O RI (Registo Inicial)  NÃO É o mesmo que o LOP, e não comprova a pureza da raça. O RI é atribuido a cães (muitas vezes provenientes de “canicheiros” ou “puppy mills”) que têm a aparência de um cão de raça mas que, sendo o seu património desconhecido por se desconhecerem os ascendentes, podem ser de facto cruzados. O RI é assim um livro auxiliar que se destina a pôr em observação cães aparentemente de raça e os seus descendentes até à 3ª geração, por forma a identificar possíveis misturas.

Quer um exemplo de como as aparências iludem e não podem ser usadas como garantia da pureza da raça? Eis a foto dum Boxer, “Steynmere Gorgeous George“.

Parece ser um excelente exemplar, não parece? Só pode ser puro, certo? Errado!!! O pedigree deste cão pode ser consultado aqui e, como dá para verificar, ele não é puro já que tem Welsh Corgis (!) na sua ascendência. Na realidade ele fez parte de uma célebre experiência autorizada pelo KC inglês para introduzir o gene responsável pela cauda curta nos Boxers, tendo todos os cruzamentos sido devidamente documentados. Muitas outras “experiências”, contudo, andam por aí mas feitas à sucapa …

O RI só deveria, pois, estar aberto a raças em reconstrução ou com baixos efectivos e reservado a criadores experientes que saibam gerir o risco associado à introdução nas suas linhas de cães com património genético desconhecido. Infelizmente, assiste-se precisamente ao contrário, com o RI a ser usado maioritariamente por “fazedores de ninhadas” iniciantes que compraram animais de baixa qualidade sem registo a intermediários que se abastecem em puppy-mills e outros fazedores de ninhadas mas que não quiseram perder o “investimento” …

Também se verifica muitas vezes que cachorros de raça pura não são registados pelos “criadores” por infringirem as regras dos Livros de Origens (intervalo entre ninhadas, idade dos reprodutores) ou porque são provenientes de cruzamentos indesejados (com elevada consanguinidade). O RI por exame permite reintegrar estes cães no “pool” genético da raça mas apagando as irregularidades cometidas e as informações sobre os ascendentes. Só pedigrees completos (com pelo menos 5 gerações conhecidas) permitem um cálculo fiável do grau de consanguinidade. Desconfie, pois, de quem lhe fala em consanguinidade, ou ausência dela, mas usando reprodutores com RI …

Por todos estes motivos, evite comprar cachorros com RI, mesmo que tenham afixo (ver abaixo), ainda para mais quando existem cães com LOP mais baratos, de melhor qualidade e com ascendência testada …

Texto gentilmente cedido por Isabel Alves, afixo Sealords, Old Sheepdog

O afixo é um “nome de família” que o criador regista a nível internacional, de modo a que mais ninguém o possa usar, e junta ao nome dos cachorros que “saem” do seu canil. Um afixo é pedido e usado por quem tem orgulho nos cães que cria, e que quer ver o seu trabalho reconhecido pelos seus pares. Os “Bobby”s e as “Lady”s que andam por aí são normalmente provenientes de criadores ocasionais curiosos que cruzam cães sem qualquer critério, só para fazer cachorros. Infelizmente, ter afixo também não é automaticamente sinal de bom criador dado que qualquer pessoa pode ter um, basta pagar, não há quaisquer outros requisitos para o conseguir (demonstração de conhecimentos/cursos de formação, resultados em exposição, ou outros), ao contrário do que a maioria das pessoas que estão por fora dos meandros da canicultura imagina. Aliás, todos os “canicheiros” têm afixo, dado que ele simplifica muito a atribuição dos nomes de registo no LOP – vantagem não desprezível para quem produz toneladas de cachorros … Por isso, mais importante que ter afixo é o reconhecimento que ele tem no meio.

 

Tenha cuidado também com aqueles que, não conhecendo nada de Canicultura ou das suas regras, insistem em usar como se fosse afixo expressões ligadas aos seus apelidos, sítios onde vivem, etc, expressões essas que ou não estão registadas como afixo, como é o caso do pretenso “Canil da Casa Cernache”, ou estão registadas há muito em nome de outros criadores de outras raças, como é o caso do afixo “Casa da Torre”. Típico destes curiosos é juntarem o seu “afixo” aos pet names dos cães que possuem, eliminando o afixo do verdadeiro criador. Para evitar ser enganado por pessoas a “brincar aos criadores” deve, pois, pedir para ver os papéis do cachorro que pretende comprar para, através do nome de registo, confirmar a existência de afixo (quando não existe afixo o nome de registo do cachorro é constituido por uma única palavra) ou informar-se junto do CPC sobre a titularidade do suposto afixo …

Texto gentilmente cedido por Isabel Alves, afixo Sealords, Old Sheepdog

Quer os cães de raça quer os rafeiros têm as suas vantagens e desvantagens.

O rafeiro é um cão único, não há no Mundo outro igual a ele, e portanto é o cão ideal para pessoas que não gostam de ter o mesmo que as outras. Embora a grande maioria dos rafeiros sejam excelentes cães de companhia, é impossível saber, sobretudo se for adoptado em cachorro:

  • qual o aspecto que terá em adulto (pêlo curto, comprido, sedoso, áspero; orelhas direitas, orelhas caidas, etc)
  • qual o tamanho que terá em adulto (tanto mais que, normalmente, pelo menos o pai é desconhecido); aquela bolinha de pêlo com 2 meses pode bem acabar por vir a ter a envergadura dum S. Bernardo …
  • qual o temperamento
  • quais as aptidões para realizar determinadas tarefas (nomeadamente guarda, caça)

No cão de raça não há surpresas de maior relativamente ao tamanho e tipo de pêlo. Por isso, ao adoptar um cachorro de determinada raça já sabe à partida que terá que contar com um determinado tempo para tratar (ou não) da pelagem do cão, um determinado orçamento para a comida e dispor de determinado espaço e/ou local para passear e brincar com o cão. A maioria dos indivíduos da raça tem também um comportamento e aptidões “próprias” da raça, pelo que, querendo-se um cão para determinada função (pastoreio, guarda, caça ou apenas companhia) só um cão de raça poderá assegurar o cumprimento desse requisito. Além disso, dado que se conhece a mãe, o pai e muitos dos ascendentes, poderá ficar-se com uma ideia mais precisa de como será o seu temperamento e a sua saúde (vidé ponto seguinte).

Se pretender o seu cão com fins desportivos/competição (agility, obedience, mondioring, etc), e embora essas actividades estejam abertas a cães sem raça definida nos Clubes de Treino ou em provas sem carácter oficial, só os cães registados em livros de origens podem disputar campeonatos ou obter títulos oficiais.

Por outro lado, convém não esquecer que as despesas correntes de manutenção do cão (alimentação, desparasitações, vacinações e outras idas ao veterinário, seguros, hotéis, etc) são iguais quer se trate de um rafeiro ou de um cão de raça.

Os cães de raça são mais frágeis, precisam de cuidados especiais

Uma ideia corrente e pré-concebida é a de que os cães de raça são mais débeis e atreitos a doenças, e que precisam de alimentação e/ou cuidados especiais. Se bem que, quanto a alimentação, certas raças gigantes precisem de acompanhamento adequado durante o período de crescimento, quanto ao resto esta ideia não tem qualquer fundamento e é perfeitamente errada. Basta pensar que a maioria das raças de cães foram desenvolvidas para executar determinados serviços (pastoreio, guarda, caça), ainda antes do séc. XX (muitas delas têm mesmo origens tão longínquas como o tempo dos Faraós). Nessa altura, os proprietários de cães eram sobretudo gente humilde (pastores, agricultores, mineiros) e não havia nem médicos veterinários nem meios, remédios ou mesmo vontade em tratar animais doentes (mesmo nos nossos dias isto não é assim tão pouco frequente …). Por isso, apenas os exemplares mais robustos e saudáveis sobreviviam e eram utilizados como reprodutores. Os exemplares actuais herdaram essa característica e a maioria dos cães de trabalho são cães que não fazem a fortuna de veterinários, uma vez que basicamente só necessitam de vacinação e desparasitação regulares.

Muitas pessoas baseiam esta opinião no facto de, associadas aos cães de raça ou a certas raças em particular, se falar muito em doenças do foro genético. Quanto a isto, há que realçar o seguinte:

– relativamente ao Homem, onde não há preocupação em manter raças puras e onde a consanguinidade é socialmente reprovável, estão identificados vários MILHARES de doenças de natureza genética enquanto que no cão apenas estão de certeza referenciadas como genéticas cerca de 400 doenças;

– TODAS as raças de cães (e mesmo os rafeiros) estão sujeitos a TODAS a doenças genéticas  próprias da espécie (há rafeiros com displasia, assim como há rafeiros com epilepsia, rafeiros com problemas oculares, etc).

As doenças genéticas são referenciadas e estudadas no sentido de compreender a sua natureza, métodos de diagnóstico precoce e, sobretudo, métodos de erradicação, de modo a obter cães saudáveis. Por isso só faz sentido estudar os casos relativos a cães de raça (para quê estudar o caso do Bobi? Os rafeiros não deverão reproduzir-se e, portanto, idealmente, o problema acaba ali).

Certo é que certas doenças são mais prevalentes em certas raças que outras, muitas vezes devido a consanguinidade excessiva ou deriva genética. No entanto, os verdadeiros criadores trabalham no sentido de reduzir o problema e cada vez mais criar cachorros saudáveis e que façam as suas famílias felizes. A aquisição de um cachorro num criador consciente é portanto o primeiro passo a dar para ter um cão sem problemas de saúde futuros.

Texto gentilmente cedido por Isabel Alves, afixo Sealords, Old Sheepdog

Embora se encontrem cães de raça à venda em lojas de animais (ou através destas) nunca é demais repetir que UM CÃO DE RAÇA ADQUIRE-SE NUM CRIADOR ESPECIALISTA nessa raça.

Antes de comprar um cão é fundamental conhecer os pais (ou, pelo menos, a mãe, para avaliar do carácter que o cachorro terá no futuro), conhecer em que condições foi criado (quer em termos sanitários quer em termos de socialização) e garantir que haja sempre alguém disponível para prestar qualquer esclarecimento ou ajudar em qualquer coisa que surja depois do cachorro ser levado para casa. Numa loja de animais nenhum destes pontos se verifica. Pior, a experiência dita que os cães que vão “parar” às lojas de animais são o fruto de cruzamentos irresponsáveis por parte de particulares, que não têm conhecimentos sobre cães nem instalações adequadas para a sua manutenção e que procuram desfazer-se deles o mais cedo possível, de modo a não ter despesas com alimentação, vacinas e outros tratamentos, já para não falar nos intermináveis chichis e cócós. Outra fonte de aprovisionamento são as puppy mills espanholas ou dos países de Leste, ligadas a histórias confrangedoras de abusos e maus tratos aos animais.

A criação de cães em baterias em caves escuras existe. A manutenção dos animais em condições sanitárias deploráveis existe. O abate de cães que já não servem para reprodução existe.

Saiba portanto como o seu cachorro, que vai fazer parte da família nos próximos 10 anos, foi criado.

Os bons criadores NUNCA vendem os seus cães a lojas ou revendedores por atacado. Um bom criador preocupa-se com os seus animais, pelo que precisa conhecer os candidatos a donos e avaliar das suas condições antes de deixar sair um cachorro que viu nascer e que cuidou com a maior dedicação durante pelo menos 2 meses.

NÃO COMPRE EM LOJAS DE ANIMAIS OU OUTROS INTERMEDIÁRIOS

Um cão comprado numa loja ou a um importador/revendedor dificilmente será um bom exemplar da sua raça e poderá não ter as vacinas em dia (ou ter sido vacinado demasiadamente cedo, o que vem a dar no mesmo).  A convivência com outros animais de proveniências diversas favorece o aparecimento e disseminação de doenças, com consequências materiais desagradáveis e, por vezes, sequelas em termos de saúde para toda a vida.  Por outro lado, uma vez efectuada a compra, o vendedor só quer é ver o cachorro e seus donos “pelas costas” e não está na disposição de perder tempo a esclarecer dúvidas. E, “last but not least”, um cão adquirido directamente ao criador é muitíssimo mais barato (lojas há que têm margens de lucro de 100%. Nada mau para quem, na esmagadora maioria dos casos, se limita a fazer um telefonema …).

Comprar a particulares também não é grande opção. Normalmente limitam-se a cruzar o macho e a fêmea que têm em casa, muitas vezes sem qualidade para reprodução e comprados em puppy mills ou outros criadores de vão de escada, sem ter qualquer preocupação a nível de estalão que, o mais das vezes, desconhecem de todo. Para estas pessoas, os cachorros são, pois, todos “muito lindos”, mesmo que tenham falhas óbvias, e não se cansarão de tecer apreciações (apenas) positivas sobre a raça de modo a incentivar as vendas, mesmo que os potenciais compradores não sejam os donos mais adequados. Mais grave ainda é a usual total ignorância sobre as doenças de base genética presentes na raça e a consequente total falta de despistes, aliado ao desconhecimento do património genético dos ascendentes. Finalmente, não estão normalmente em condições de prestar apoio aos donos dos seus cachorros, nomeadamente a nível de pêlo, já que, seja por conveniência seja por falta de conhecimentos sobre grooming, mantêm os cães tosquiados.

É corrente a ideia de que este tipo de cachorros é mais barato porque o lucro do “criador” é mais reduzido. Não esquecer, porém, que o lucro deriva do balanço entre receitas e despesas pelo que, ao contrário do que se possa pensar, o preço dum cachorro dum particular é basicamente só lucro dadas as despesas (vidé abaixo) serem praticamente inexistentes ou, pelo menos, bem mais reduzidas que num verdadeiro criador. Já agora, coloque-se esta questão: com que objectivo um particular repete, vez atrás de vez, o cruzamento do macho lá de casa com a fêmea lá de casa? A resposta é bem óbvia …

Texto gentilmente cedido por Isabel Alves, afixo Sealords, Old Sheepdog

Pedir uma lista de criadores ao CPC é o primeiro passo a dar no sentido de conhecer criadores da raça desejada. Mas tenha em conta que a lista fornecida pelo CPC NÃO é uma lista de criadores recomendados. É a lista de TODOS os criadores (bons e maus) que regista(ra)m ninhadas (boas e más). É, pois, importante que, depois de ter os contactos dos criadores, combine uma visita para ver como os cães são realmente e como vivem.

Um cão que se destina a ser parte da família não deve ser criado em série, como um animal de quinta. Prefira criadores que façam poucas ninhadas pois só assim cada cachorro, o seu cachorro,  pode receber a atenção necessária.

Só depois de visitar vários criadores e de ter escolhido o que gostar mais e lhe inspire mais confiança é que se deve decidir a adquirir um cachorro. Compras de cachorros não devem ser feitas “para ontem”…

Se procurar criadores na net, nos jornais ou nas revistas tenha atenção à redacção dos anúncios e aos truques publicitários, que muitas vezes por si só permitem avaliar do tipo de pessoa que coloca os cachorros à venda. Por exemplo, “excelente LOP” não quer dizer rigorosamente nada. Também não é pelo facto de aparecer um ou outro Campeão no pedigree (ou, em linguagem de leigos, cães que ganharam “prémios”) que o cachorro é melhor, isto porque o facto de um cão ser bonito não quer dizer que os seus filhos o sejam  (não se passa o mesmo com as pessoas?) Aliás, se para se ter Campeões bastasse cruzar Campeões toda a gente poderia criar Campeões, não?

Fui visitar um criador e pedi para ver os pais da ninhada. Ele mostrou-me a mãe mas o macho pertence a outra pessoa e não estava lá. Achei isto um pouco estranho, tanto mais que a maioria dos anúncios refere que ambos os pais estão à vista. O que pensar? 

É normalíssimo que um criador, um verdadeiro criador que se preocupa em criar bons cães, possa recorrer a machos pertencentes a outros criadores. Não deve, pois, estranhar o facto de o macho não se encontrar no mesmo local. Quem tem como objectivo criar cachorros cada vez melhores procura e usa o melhor macho possível, seja ele seu ou não. De qualquer forma, o criador deverá, se for o caso, dar-lhe o contacto do dono do pai da ninhada para que o possa visitar, se assim o entender.

Texto adaptado do gentilmente cedido por Isabel Alves, afixo Sealords, Old Sheepdog

Primeiro há que definir o que é “garantia”, uma vez que muitas pessoas têm ideias e, consequentemente, expectativas falsas. O Dicionário da Língua Portuguesa define como “garantia” :

  1. a) aquilo ou aquele que assegura que algo se cumpre ou realiza;
  2. b) documento que assegura junto de um comprador a qualidade de um produto ou serviço, responsabilizando o fabricante ou vendedor pelo seu funcionamento, durante um determinado período de tempo; prazo de validade desse compromisso.

Na venda dum cão, há lugar aos dois tipos de garantia:

– dentro do primeiro tipo de garantia (basicamente, a de que a coisa é assim …): a de que as vacinações, desparasitações, o pedigree e toda a restante documentação são verdadeiros, bem como a certeza de que o cachorro não desenvolverá doenças genéticas, no caso de existirem testes de DNA que permitam assegurar a 100% que os pais/cachorro não são portadores do(s) gene(s) defeituoso(s)

– dentro do segundo tipo (a de que o criador confia no “funcionamento” do “produto”, o que não implica contudo que a “coisa” não avarie …): doenças genéticas em que não há testes de DNA (em particular a displasia da anca), doenças infecciosas contraidas em casa do criador, todo o defeito de “fabrico” não aparente no momento da compra.

Uma vez que a criação de cães não é uma ciência rigorosa e não se consegue prever o futuro, as garantias que podem ser dadas aquando da aquisição de um cachorro relativamente a questões de saúde são basicamente do segundo tipo. A garantia serve, pois, para ressarcir o comprador em caso de ocorrerem problemas e não para certificar que nunca ocorrerão problemas. Se alguém lhe propuser  uma garantia de “ausência” de problemas, fuja a sete pés!!! Ou está em presença de um bruxo, que consegue adivinhar o futuro, ou de um aldrabão … Tenha atenção, contudo, ao seguinte:

  • relativamente a doenças infecciosas, o cachorro deve sair das instalações do criador em perfeito estado de saúde, sem ter contraído qualquer doença infecciosa, mesmo que ainda em estado de incubação e, como tal, inaparente. A garantia sanitária deve, assim, cobrir o período de incubação das principais doenças.
  • relativamente a doenças de base genética, nomeadamente displasia da anca ou doenças oculares, para além do prazo coberto pela garantia (garantias há que são demasiado curtas, “apanhando” apenas casos muito graves e/ou precoces), deve ter também em conta a  “reparação” oferecida pelo criador em caso de “defeito de fabrico”: o criador devolve parte ou a totalidade do dinheiro ou dá-lhe um cachorro de outra ninhada? O cão “defeituoso” é devolvido ao criador? Neste caso, conseguirá desfazer-se dum cão com o qual criou laços emocionais ao longo de 6, 12 ou 18 meses? Se o cão “defeituoso” permanecer na posse do comprador, tem possibilidade/vontade de possuir dois cães simultaneamente? Sendo esta nova ninhada muitas vezes proveniente da mesma cadela/cão/linhagem, quererá arriscar-se a acabar não com um mas com dois cães com problemas?

Tenha também em conta que, tão importante quanto a existência de garantia, e porque o melhor é não ter que a accionar por “defeito de fabrico”, é o facto de (pelo menos) os progenitores terem sido sujeitos aos testes de despistagem e, subsequentemente, considerados aptos para criação. O criador deve, assim, poder fornecer-lhe cópia desses relatórios. Veja que entidade/veterinário emitiu e assinou o relatório. Não aceite relatórios efectuados por médicos generalistas sem qualquer especialização. No caso da displasia da anca, apenas a leitura efectuada pela APMVEAC é reconhecida pelo CPC e, consequentemente, pelos seus parceiros da FCI, embora o HVPorto tenha também uma vasta experiência e credibilidade nesta área.  No caso do despiste de doenças oftalmológicas, procure médicos veterinários acreditados por Colégios de Especialidade internacionais (ECVO, ESVO). Veja também se o certificado está em período de validade: enquanto que o despiste de displasia tem validade vitalícia, os exames aos olhos apenas têm validade de 1 ano, dado que a maioria das patologias oculares podem ir aparecendo ao longo da vida do cão, havendo algumas (PRA) que só se manifestam numa fase avançada da vida do cão (depois dos 5 anos).

Texto gentilmente cedido por Isabel Alves, afixo Sealords, Old Sheepdog

Todos estes aspectos devem ser bem ponderados antes da compra, para evitar litígios desagradáveis mais tarde.

Criar bons cães de raça é uma actividade muito dispendiosa. Infelizmente, a grande maioria das pessoas não se apercebe  das despesas envolvidas e seus montantes. Eis algumas despesas a considerar:

Despesas gerais:

– aquisição dos reprodutores

– amortização e manutenção de instalações e equipamento

– limpeza e desinfecção de instalações

– alimentação e cuidados veterinários de todos os cães presentes no canil (vacinações, desparasitações internas e externas, análises de rotina, problemas de saúde imprevistos)

– equipamentos e material de grooming (mesa, escovas, pentes, champôs, condicionadores)

– despesas com exposições (inscrições, deslocação, refeições, estadia em hotel, “dog sitting”  para os que ficam em casa)

– despesas com despistes de doenças genéticas (displasia da anca e outros problemas ortopédicos,  doenças oculares, hipotiroidismo, etc)

– despesas com a aquisição de bibliografia e quotizações de clubes/associações cinófilas

– tempo, tempo, tempo (que o povo diz, e bem, ser dinheiro …)

Despesas relacionadas com a ninhada:

– seguimento de cio (o que implica a ida ao veterinário pelo menos 3/4 vezes, mais as correspondentes análises)

– viagem até ao domicílio do macho escolhido, que pode estar a vários milhares de quilómetros de distância, mais estadia

– pagamento da cobrição (valor com 4 algarismos, no caso de se tratar dum macho com valor …)

– inseminação artificial

– ecografia para diagnóstico de gestação

– comida adicional durante a segunda metade da gestação e, sobretudo, durante a lactação (que pode chegar a 4 vezes a quantidade normal em período de manutenção)

– lavagem diária dos materiais usados como cama para os cachorros e sua mãe

– limpeza e desinfecção diária da caixa de parto

– limpeza e desinfecção diária da maternidade/parque dos cachorros

– aquecimento da sala escolhida para maternidade e manutenção de uma higrometria adequada

– aquecimento adicional na zona de descanso dos cachorros (lâmpadas de infra-vermelhos e/ou sacos de água quente que precisam ser mudados no mínimo 4 vezes por dia)

– alimentação dos cachorros

– desparasitações (pelo menos 3/4) da mãe e dos cachorros

– vacinação dos cachorros

– colocação de microchip

– registo no CPC

– despesas veterinárias extras com assistência a eventuais distócias, com ou sem cesariana

– despesas extras em medicamentos em caso de metrite ou mamite

– possibilidade de ter de recorrer a aleitamento artificial em caso de morte, doença geral, agalaxia, mamite ou produção insuficiente de leite por parte da mãe

– tempo, tempo, tempo:

  • vigilância 24/7 durante pelo menos os primeiros 15 dias de vida, para evitar esmagamentos ou afastamento dos cachorros das fontes de calor e verificar se todos mamam convenientemente
  • check-up diário à mãe (medição da temperatura, verificação da natureza do corrimento, controlo do estado das mamas e qualidade do leite)
  • pesagem diária dos cachorros e identificação precoce de problemas no desenvolvimento dos cachorros
  • sociabilização dos cachorros

Quando lhe propuserem para venda um cachorro “barato” investigue bem quais foram os cortes efectuados nas despesas, e em que despesas … Por exemplo, a maneira mais prática de um “canicheiro” rentabilizar o negócio é aumentar o número de ninhadas por cadela (no limite uma ninhada em cada cio), e uma das maneiras mais práticas de cortar nas despesas é eliminar bocas inúteis, não produtivas (cães inférteis, cães velhos) e despachar os cachorros o mais cedo possível, poupando na comida, desparasitações e vacinas. Um particular com uma cadela ou um casalinho não tem despesas com instalações, com exposições ou produtos de grooming dispendiosos, não paga montas avultadas com cães de valor, limitando-se a usar o cão que tem em casa ou o do vizinho, terá ele mesmo comprado os cães mais baratos que encontrou à venda e nem mesmo o despiste de doenças genéticas entra geralmente na equação.

Para ajudar a perceber o peso das várias parcelas e os valores envolvidos elaborámos esta folha de cálculo. Os valores que ela contém são os que nos são familiares (nomeadamente os referentes às montas e deslocação ao domicílio do macho) e o mais natural é pecarem por defeito (nomeadamente os gastos com exposições). Experimente ver o efeito que reprodutores baratos, não participação em exposições, não realização de despistes de saúde, redução do tempo de permanência no canil, aumento do número de ninhadas por cadela e montas gratuitas com o cão de casa ou com o do vizinho têm no custo final!

A quem compra a tarefa de investigar e de, com a sua compra, dizer que tipo de criação aprova

E mais um “pequeno” “pormenor”, tantas vezes descurado:

 

Picasso estava sentado à mesa de um bar com alguns amigos e admiradores e começou a riscar um minotauro sobre um guardanapo. Ao finalizar o desenho, um dos convivas pediu-o para ele. Picasso entregou o guardanapo e pediu 5.000 USD. O amigo, assustado, rebateu:

– Como?!!?  5.000 USD por cinco minutos de trabalho?

E Picasso, calmamente:

– Não, meu caro amigo. São sessenta anos e mais cinco minutos.

 

Comparações artísticas à parte:

Quando se adquire um cachorro a um criador com créditos firmados leva-se também toda a sua experiência e saber acumulado ao longo dos anos.

Infelizmente, o conhecimento é pouco valorizado no nosso país e o mais provável é só perceber a mais valia que é poder contar com a experiência de um bom criador quando se confrontar com um problema de saúde, alimentação, grooming ou treino e tiver que recorrer a um profissional da área respectiva que, claro, se fará pagar pela assistência …

 

Texto gentilmente cedido por Isabel Alves, afixo Sealords, Old Sheepdog

Como foi dito anteriormente, o LOP é o ÚNICO documento que atesta que o cão é puro. Desconfie pois dos que, a “olhómetro”, afirmam a pés juntos que o cão é de “raça pura mas sem registo”, ou que dizem possuir fantasiosos “certificados de pureza da raça”. Se decidiu ter um cão de raça, e não uma imitação, o LOP é o mínimo que deve exigir.

O LOP/pedigree não é um símbolo de estatuto. O LOP é fundamentalmente o BI do cão mas é também um manancial de informações, pois através dele consegue-se saber que qualidades e defeitos possui a ascendência, qual o grau de consanguinidade do cão e que doenças poderão andar a passear escondidas e que, mais cedo ou mais tarde, se poderão vir a manifestar. O LOP também permite verificar se o criador tem alguns planos de criação, tentando criar uma linha de sangue própria, ou se, pelo contrário, apenas está interessado em “fazer” cachorros para vender, estando sempre a comprar cães a outros criadores e a repetir ad eternum cruzamentos com os cães lá de casa. Um criador a sério tem orgulho no pedigree dos seus cães e não terá qualquer problema em lho mostrar antes da compra e a falar exaustivamente dos ascendentes e não colocará sequer a hipótese de deixar sair um cachorro por si criado sem documentos que liguem inequivocamente o cão ao seu criador, pelo que só a proposta que alguns fazem de “com ou sem LOP” lhe permite determinar com que tipo de “criador” está a lidar. Por isso, mesmo que os nomes não lhe digam nada, não esteja por dentro do mundo da criação, e tencione guardar o LOP no fundo de uma gaveta, deve questionar o criador sobre o pedigree do cão e o porquê das suas escolhas. Lembre-se também que hoje pode não lhe interessar mas amanhã vir a precisar do LOP, e aí já não haverá volta a dar! Não compre, pois, cachorros sem registo, mesmo que apenas queira o cão para companhia.

Peça sempre para ver o registo do cachorro (o CPC é célere com a papelada, o que possibilita que um cachorro de 8 semanas saia já acompanhado do registo definitivo) ou, no mínimo, a declaração de registo de ninhada e o registo dos pais, para não descobrir da pior maneira que o cachorro publicitado como sendo puro ou tendo um vago “registo no CPC” afinal só tem RI ou mesmo não tem documento nenhum. Caso o cachorro ainda não tenha registo definitivo (de cor verde, no caso do LOP, e amarelado no caso do RI, como na imagem abaixo) verifique o número de registo provisório do cachorro (e seus pais): os cães de raça pura, registados no LOP, têm número de registo antecedido de “LOP”, e os cães em espera no RI têm número de registo antecedido de “RI”.

Por maioria de razão, nunca se deve comprar cães cujos pais não tenham qualquer registo. Quem cria desta forma não está preocupado nem com o que está para trás, nem com o que está para a frente, apenas em encher os bolsos no presente …

 

Texto gentilmente cedido por Isabel Alves, afixo Sealords, Old Sheepdog

As exposições são lugares privilegiados para os criadores mostrarem o seu trabalho. Servem para avaliar os cães e determinar o(s) que mais se aproxima(m) do estalão da raça, permitindo ao criador ter uma opinião externa e imparcial sobre os seus cães. É também uma oportunidade para comparar o trabalho dos diferentes criadores, seguir os descendentes de um determinado cão ou cadela e escolher um par adequado que colmate as falhas da cadela que tencionamos utilizar para fazer a próxima ninhada, (re)encontrar amigos e trocar opiniões com outros criadores.

Todo o criador que se interesse verdadeiramente pela raça deve pois participar em Exposições, pelo menos naquelas em que o juiz que oficia é especialista e cuja opinião tem, portanto, valor.  Particularmente procurados e respeitados são aqueles juizes que criam ou já criaram a raça e que julgam frequentemente e têm conhecimento do nível da raça em diferentes países.

Para o particular, é a oportunidade de conhecer o real valor do seu cão e saber quais os seus defeitos (e todos os cães, mesmo os grandes Campeões, têm defeitos).

Curiosamente, um dos argumentos de venda dos simples fazedores de ninhadas que deliberadamente se mantêm longe de qualquer avaliação externa qualificada e que até, muitas vezes, denigrem os cães de exposição, é muitas vezes as “excelentes linhagens” e/ou a presença – normalmente remota – de cães que ganharam “prémios” na ascendência dos seus próprios cães – “prémios” e “excelência”, obviamente, ganhos em exposição. Estranha (mas tão conveniente) dualidade de critérios …

Não quero comprar a criadores que vão a exposições, quero comprar a pessoas que amem os seus cães

Infelizmente nos últimos tempos a opinião pública parece ter determinado que as exposições são lugares de tortura e que, portanto, quem participa nestes eventos são pessoas frias e cruéis, que não nutrem quaisquer afeição para com os seus cães e que estão apenas interessadas em dinheiro. Em primeiro lugar, e ao invés do que muita gente pensa, não existem prémios monetários, pelo que as exposições são sempre uma despesa (considerável) e nunca uma receita. Por outro lado, um cão que não esteja minimamente feliz numa exposição não poderá nunca tirar bons resultados. As exposições, como já foi dito, são o local privilegiado para avaliar o trabalho do criador enquanto tal, pelo que cães avaliados em exposição serão sempre uma garantia de qualidade morfológica face ao respectivo estalão da raça e indicação de que o criador não só não tem medo de ser avaliado por pessoas competentes como se preocupa em criar bons exemplares da raça.

Acha mesmo que cruzar o Bobi lá de casa com a Margarida lá de casa, ninhada atrás de ninhada, para simplesmente fazer cachorros para vender significa que se gosta de cães? Que benefícios traz para a raça a repetição do mesmo cruzamento ad eternum, ainda para mais com cães pouco típicos ou com defeitos evidentes? As respostas são bem óbvias …

Também parece ser ideia corrente de que as raças apareceram “out of the blue” e que continuarão a existir mesmo sem intervenção humana pelo que basta cruzar um macho da raça, qualquer que ele seja, com uma fêmea da raça, qualquer que ela seja. Nada de mais errado. As raças foram criadas por acção do Homem e se não houver uma selecção adequada pura e simplesmente desaparecerão. Aliás, basta visitar alguns dos grupos que existem por essa net fora para ver o que algumas gerações de cruzamentos sem qualquer critério podem fazer. São os criadores a sério, os que vão a exposições mostrar o seu trabalho, que preservam as raças, mesmo nos períodos difíceis (guerras, recessões económicas, desinteresse do público pela raça), como a História tem mostrado vezes sem conta. Por isso, se gosta de uma raça e se quer contribuir para que ela se mantenha, com todas as características que o fizeram gostar dessa raça, é a um “criador de exposição” que se deve dirigir.

Texto gentilmente cedido por Isabel Alves, afixo Sealords, Old Sheepdog

Se decidiu adquirir um cão de raça, tenha em atenção que ser puro e ser de qualidade não são sinónimos: a qualidade do cão é tanto maior quanto mais se aproximar do estalão da respectiva raça.

O preço do cão deve estar de acordo com a sua qualidade, com as garantias oferecidas e a experiência do criador. Desta forma, não há um preço “para a raça”. Se fizer vários contactos, poderá verificar que, em todas as raças, os preços variam entre os 100 e os 2000 euros! Não se deixe levar por frases banais e para enganar pessoas com poucos conhecimentos sobre cães de raça, tais como “são todos muito lindos” / “são descendentes de campeões” / “são descendentes do afixo XPTO”, e peça para lhe explicarem as qualidades do cachorro (proporções, aprumos, angulações, etc). Poderá assim avaliar se a pessoa que lhe propõe o cachorro percebe realmente de cães ou apenas “copia” o preço dos cachorros criados por criadores experientes, mas sem as despesas, os cuidados e os conhecimentos que estes têm. Por outro lado, um cachorro é muito diferente dum adulto, pelo que só um criador experiente, que tenha seguido o crescimento completo de vários cachorros, pode ter uma noção de como será em adulto e portanto avaliar a sua qualidade.

Um “cão de exposição” (ou antes, um cão de “qualidade exposição“) não é um “freak”, é simplesmente um cão que tem todas as características da raça e se aproxima muito do ideal descrito no estalão e que,  portanto, pode concorrer e tirar bons resultados em exposição, caso o dono assim queira. Um cão que não é de exposição é pura e simplesmente um cão que não tem todas as características / apresenta desvios relativamente ao estalão da raça. Se está interessado num cão de raça é um contrassenso “fugir” dos cães de exposição. Se não se importa com as características da raça então poderá encontrar um companheiro no canil ou associação mais próxima.

Tenha também em atenção que, com vista a preservar a qualidade da raça (e tenha em conta que uma raça é um património da Humanidade e, como tal, deve ser preservada), apenas os cães de “qualidade exposição” devem ser usados para reprodução, pelo que se tiver intenções de se dedicar à criação deve procurar o melhor cão que puder comprar.

De qualquer forma, deve pensar que a aquisição de um cachorro é uma despesa extraordinária, que não repetirá, em média, nos 10 anos seguintes. O custo real anual será pois apenas 1/10 do custo de aquisição (ou seja, entre 50 a 150 euros por ano, menos de 50 cêntimos diários, sensivelmente o custo de um café e bem menos que um maço de cigarros …).  Atendendo a que os custos de manutenção rondam os 500 euros, ou mais, anuais  (independentemente da qualidade do cão), perceberá facilmente que não há motivo para procurar pechinchas, que, aliás, as mais das vezes revelam surpresas muito desagradáveis …

O barato sai caro, e a qualidade tem um preço

 

Texto gentilmente cedido por Isabel Alves, afixo Sealords, Old Sheepdog

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